terça-feira, 20 de abril de 2010

Um Produto Revolucionário

Autor amigo fez-me chegar este video, que tinha visto às gargalhadas no Jornal 2 de há dias. Tentei encontrá-lo na www, mas não consegui. Valem-nos sempre os autores, esses que depois permitem estes produtos tão revolucionários.



[Na RTP2, com legendes, era mais melhor bom; mas mesmo assim, é excelente.]

PS: Infelizmente, devido a HDs ou coisas assim que eu não sei nem nunca vou saber, só se vê uma parte do visor. Enfim... Fica aqui o link directo, mais simples:

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Bono por D. Clotilde

Este video é dedicado à Ana C, à Ana RS, ao Carlos, ao Hugo, à Magda, à Matilde, ao Nuno, ao Rui, ao Sebastião e ao Vasco, que sabem da importância deste senhor nas nossas vidas.

Mas antes vocês digam se não é verdade: esta música é perfeita. Tirando o segundo 25 do terceiro minuto, em que ele diz "sisters, brothers". Este gajo rimou "amor" com "dor" numa música perfeita. Não dava para manter o nível do resto do texto? Não que o nosso - tão nosso! tantos nosso! - Bono Vox seja Whitman, Auden ou Hughes - mas pelo menos não é (tirando o segundo 25 do terceiro minuto) a D. Clotilde Nóvoa, que, agora que está reformada e encontrou o amor depois de ter ficado para tia, percebeu que sempre foi no seu íntimo poeta toda a sua vida e editou o seu primeiro livro de poemas - eróticos, claro - de título "Amor de Irmão e de Coração" e cujo primeiro poema é:

Estive só com esta dor,
Só trabalhei com as mãos.
Chegou-me tarde o amor,
Minhas irmãs e irmãos.

Agora vou-me desforrar,
Com o meu amado brincar.
Vou ser feliz e dar as mãos
Como se fôssemos irmãs e irmãos.

Bono: tu leste a D. Clotilde, meu espertalhão!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Música Fixe

Este post é dedicado. A quem, fica entre mim e o meu melhor amigo. É certo que ainda lhe faltam alguns, digamos, skills para verdadeiramente entender a dedicatória. Mas o que interessa é que ela cá está.

E, sendo tão dedicado, vale por dois. Temos Blur em Hide Park em 2009 (de que já falei uns posts abaixo - estou cansado, são uma e meia da matina, o link demora mais do que as palavras: façam lá scroll); e temos o video original, retirado do youtube também, mas nitidamente sacado à má fila da televisão. Agrada-me mais o pirateio de Hyde Park do que o video, que me parece extremamente datado. Além de que o Damon Albarn engordou uns quilitos, coisa que para quem aconteceu algo de semelhante (como eu...) só o enobrece. Como diz o outro: quinze anos "é muito tempo".

Mas a música, essa, é muito fixe, como diz o meu melhor amigo.







Partilho outra coisa, já que só são duas menos vinte: fui a Benidorm numa "visita de estudo" pelo liceu em 1992. Dantes Lorent del Mar (ou algo assim) chamava-se Benidorm e as viagens "de estudo", não de finalistas de merda nenhuma, que finalista é-se na faculdade: "finalista" - aquele que vai finalizar; o décimo segundo ano é só o meio do estudo, ora essa. Mas voltando aos Blur: e posso jurar quase a pé juntos que dancei esta música nas discónigthes de Benidorm. Será que em 92 já tinha saído como single? É que ela é só de 94, álbum "Parklife". Puta que pariu a memória.

Benidorm: aluguei uma vespa, andei como um trengo pelas escarpas com o cabelo e as borbulhas ao vento. E, sim, comi pela primeira vez no McDonalds. Foda-se, que eu estou velho.

[Acabei de reparar que o video "oficialmente" pirateado acaba antes do fim, o que quer que isto queira dizer. Há um video com a letra, que gostava de colocar a seguir. Mas não o faço: os inteligentes meteram uma caveira como fundo e esta música é a "música fixe". Pra puta que pariu as caveiras. Fica o video a acabar antes do fim, que os cabrões da EMI não me deixam colocar aqui o link. Já comprei os discos, ó tansos! Agora era só mesmo para digulvar, ó palermas. Inteligentes, esses gajos. Por isso é que negócio da música está de vento em "poupa". PS: o segundo está HD. Fodeu-se. Ide ao youtube e deixem-me ir dormir.]

domingo, 11 de abril de 2010

V de Vingança


A Relógio D'Água é uma editora muito boa, o que diz bem do que acho do trabalho do seu editor, Francisco Vale. E facto de me ter oferecido algumas palavras menos nobres em nada altera o meu juízo. Foi aqui.

Mas julgo importante dizer algo sobre um ou dois pontos desse post. Porque, o essencial sobre Um Toldo Vermelho está escrito na LER.

E nesse post julgo estar deduzido algo que não refiro na LER. Nomeadamente o "ressentimento" e "desejo de vingança" em relação aos autores ditos "sem qualidades". Saberá Francisco Vale que a vingança implica uma acto anterior sobre que vingar. E eu nada tenho contra esses autores que me traga qualquer ressentimento nem o desejo de repor qualquer injustiça. No fundo, nunca me fizeram nada de mal. Porque estaria eu ressentido ou ávido de vingança? Como se perceberá no texto, até os considero, e bem. Não sei de onde se depreende o contrário. Falar de genealogias literárias magoa alguém, dá a entender algum desejo de vingança? Mas haverá alguém - tirando Joaquim Manuel Magalhães, pelos vistos (com quem, já o disse publicamente, sempre tive uma relação cordial, se bem que unicamente via email; nada me move - nada, repito - contra a pessoa JMM; nem contra a sua poesia: apenas acho o livro mau e que ele não foi ao fundo na sua ruptura ao não considerar a ediçao ne varietur) - mas haverá alguém, dizia, que escreva sozinho, sem leituras, paternidades ou outros graus de parentesco? Acho que não.

Sobre o circo: António Guerreiro deu-me razão com o seu texto no Expresso. E já o expliquei aqui. Ou achar-se-á habitual considerar brilhante (são cinco estrelas, e se António Guerreiro quisesse não as colocava, que o Expresso não deve ter uma espada sobre a sua cabeça para que as coloque) um livro "sem sentido" (palavra que na sua duplicidade de leituras é bem pretensiosa na interpretação da obra) só porque descobre uma (má) forma de escrever poemas? Joaquim Manuel Magalhães nunca foi nem experimentalista nem concretista. É agora. Guerreiro nunca considerou minimamente essa poesia. Considera-a agora, não sem que antes a ligue àquela que sempre considerou com o contorcionismo crítico que tento explicar aqui.

Termino agradecendo o qualificativo com que Francisco Vale mima os "Poemas Portugueses": a antologia mais "bem comportada de poesia portuguesa". Sei-o pejorativo para Vale. Saiba-o ele elogioso para o trabalho tanto meu como do Rui Lage que, como lá dizemos, a quisemos exactamente o mais didáctica possível (sem com isso retirar outros critérios de que falamos na introdução). E na escola temos todos falta a vermelho se nos comportamos mal.

PS: Não sigam a referência ao filme, que de bom só tem a Natalie Portman. Leiam antes o novo livro do Miguel-Manso, muito bom. António Guerreiro faz-lhe uma boa crítica no Expresso de hoje. E eu, vejam bem, concordo com ele: temos poeta.

domingo, 4 de abril de 2010

O Circo Chen Chegou à Cidade!

Este é o parágrafo final do meu texto sobre Um Toldo Vermelho, publicado na LER deste mês e com o título Um Toldo às Escuras:

Estamos aqui na análise relativa de um texto, principalmente no que concerne ao outro JMM [Joaquim Manuel Magalhães] deixado à porta deste novo toldo, que já não parece servir a entrada de um café. A análise absoluta e devidamente encartada será feita por alguns críticos de hebdomadários - coisa que não sou, nem quero ser - que se irão dar ao trabalho de, seguindo uma agenda própria, executar números de contorcionismo analítico dignos do circo Chen.

And the winner is...

António Guerreiro! Luís Miguel Queirós, há semanas, não teve talento para tanto. Mas esta semana, Guerreiro leva para casa a taça! Vocês, meus caros apreciadores de poesia e, como eu, visitantes do hermetismo crítico semanal de Guerreiro, conhecem crítico mais próximo da poesia anti-concreta, anti-experimental e anti-substantiva? Eu não conheço. Mas li no Actual desta semana:

A operação comporta uma dimensão afirmativa (à qual não se acede se nos deixamos obnubilar ou fascinar pelo 'escândalo', algo inevitável num primeiro momento) (...)

Tradução: só o António Guerreiro consegue ultrapassar o escândalo e ler o livro como deve ser lido; todos nós, leitores de poesia que não percebem porque razão um poeta tão bom como o Joaquim Manuel Magalhães fez isto à sua obra, somos, em poucas palavras, seres meramente fascinados.

É bárbaro e resiste com tenacidade ao discurso do sentido? Pois é, respondemos nós, anestesiados pela beleza poética que nos decora o mundo e vida, embalados pela estética vogal e da eufonia. Tão imersa no concreto, esta poesia recusa as metáforas e as imagens, extenua-se a suprimi-las já que estas são um veículo do espírito (...)

Tradução: é certo que isto que o Joaquim Manuel Magalhães fez pode parecer algo, digamos, distante da poesia dos seus epígonos (e aqui volto a dizer, como no texto da LER, que falo em epígono enquanto seguidor de uma poética e não de uma forma pejorativa). Mas se vocês lerem bem, ela é só um bocadinho concreta. Porque de resto é igual: não há beleza poética (como na desses autores, povoada pelo feio), nem metáforas e imagens (como na desses autores, dita pobre).

"Pronto, meus caros: vale cinco estrelas e no fundo é muito próxima daquilo que eu mais gosto", diz António Guerreiro, o novo seguidor de E. M. de Melo e Castro e Haroldo de Campos. Quer dizer, mais ou menos, porque estes são concretos mas são bonitinhos e muito metafóricos...